quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Lista de filmes 11


Bronson - É um filme que retrata a vida de um criminoso que passou 30 anos na solitária sob o ponto de vista dele mesmo. Bronson é o alter-ego de Michael Peterson, um cara que desde jovem é muito problemático e violento. Na prisão, já adulto, cria o a sua segunda personalidade baseado no famoso ator de ação, Charles Bronson. Bronson quer ser conhecido, nem que seja na cadeia... Tanto que tem delírios de ser a estrela principal numa peça de teatro onde a platéia o ovaciona. O ator que interpreta o protagonista é Tom Hardy que tem uma ótima atuação.
Bronson é um homem doidaço, parece que só se sente vivo quando briga com alguém.
OBS infâme: Tom Hardy aparece nu várias vezes!
Nota: 5.


A bailarina e o ladrão ( El baile de la Victoria) - Esse filme fala do amor entre dois jovens; um, é um ladrão recém saído da prisão, Angel; a outra é uma bailarina muda, Victoria. Vergara, um arrombador de cofres veterano e famoso, também é libertado e os dois ladrões se cruzam. Na verdade, Angel persegue Vergara para darem um último golpe, mas Vergara só quer voltar para a sua família, que acaba por descobrir que querem esquecê-lo. Entre reviravoltas do destino, Vergara se vê envolvido em ajudar o casal apaixonado.
A atuação de Darín como sempre brilhante. Não gostei dos personagens que fizeram o casal...
Esse filme foi muito bem recomendado mas não gostei tanto assim... E o final? Não entendi.
Nota: 6. 



Victoria
Vergara e Angel

360 - Com um elenco de famosos é um filme que fala dos encontros e desencontros da vida. Falar de (des)encontros é falar de escolhas também.
Destaque para a trilha sonora que é sensacional e para a forma como o filme é narrado, com múltiplas cenas em primeiro plano.
Os personagens formam uma rede de pessoas que de uma forma ou de outra se conhecem, e como um afeta o outro. São vários os personagens e a ligação entre cada um deles, se eu falar de uma pessoa, vou ter que falar de todas.
É um filme que aborda relacionamentos falidos e outros que conseguem mudar, de decepções, de dilemas religiosos versus o amor, de dúvidas, de certezas, de tristeza, de alegria. Enfim, mostra coisas da vida. Gostei muito!
Nota: 10.




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Alpes (Alps)

Capa 1

Capa 2. Achei muito interessante essa capa!
Como seria se pudéssemos substituir os nossos entes queridos falecidos, por outra pessoa? Essa é a ideia interessantíssima do filme. Um grupo de pessoas realiza um trabalho um tanto inusitado: se oferecem para substituir temporariamente um membro falecido da família enlutada até tudo "ficar bem". O nome desse grupo é Alpes, por dois motivos, um, para despistar qualquer suspeita sobre o trabalho deles, e dois, porque, segundo o líder do grupo, nenhuma montanha se iguala aos Alpes, todas as outras podem tentar substituí-lo, mas nunca alcançam a sua magnitude, por outro lado podem substituir qualquer outra montanha.

substituindo a esposa do dono da loja de luminárias

O filme se concentra numa integrante, a enfermeira, que incorpora várias pessoas falecidas. A filha de um senhorzinho que pinga colírio nos olhos na hora certa; uma adolescente que praticava tênis; a esposa (amante?) de um vendedor de luminárias; a amiga de uma senhora cega. Ela reproduz e encena os diálogos e as situações mais marcantes que os enlutados pedem que lembram os entes mortos, os trejeitos, as roupas e sapatos. É patético assistir as encenações de um passado que já se foi e encarnado numa outra pessoa. A atriz que interpreta essa enfermeira tem um aspecto cansado e triste, encena os diálogos dos mortos de maneira dura e insossa. Acho que esses traços vão explicar um pouco do que acontece no final... Será que ela estava exaurida de tanto representar aquilo que se perdeu que ela mesma não tem vida própria? Sua vida e sua identidade se tornaram a perda alheia?

o líder do grupo, Mont Blanc, e a enfermeira

uma integrante do grupo, a ginasta atrapalhada

Apesar da proposta original, não gostei do modo como o filme explorou o tema... Mas serve para suscitar alguns questionamentos importantes.
Será que se existisse um tipo de serviço desses não ficaríamos tentados a contratá-lo? Pode parecer um absurdo, mas hoje nos utilizamos de "serviços" semelhantes, como as drogas que entorpecem nosso sofrimento da perda, como o fato de nos dedicarmos ainda mais ao trabalho como uma forma de "esquecer" o luto, nos cobrarmos de sermos felizes e calarmos a tristeza, e por aí vai... Será que se pudéssemos, não apertaríamos a tecla "delete" para esquecermos das nossas perdas?

Nota: 5

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Substitutos (Surrogates)


É um filme que se passa no ano de 2054 e todos podem ter o(s) seu(s) Substituto(s). O Substituto é uma espécie de ciborgue - corpo de robô com uma mente de humano - que todos os humanos podem adquirir segundo seus gostos, pode assumir qualquer feição física, à gosto do cliente. É bem interessante porque o filme explica como foi esse processo, do andamento da tecnologia até o desenvolvimento de máquinas que interagem com os humanos em perfeita conexão. Os Substitutos podem ter aptidões físicas de acordo com o desejo (e dinheiro) do cliente. É um avatar da realidade.

o aparelho onde se conectam com os Substitutos


E o processo de funcionamento do Substituto é o seguinte: a pessoa real, o humano, se conecta num aparelho que faz a integração com o Substituto. Ele age e pensa como o portador humano, mas tem corpo de robô, ou seja, a Terra assombrosamente conseguiu patamares de segurança a níveis extraordinários porque pode acontecer qualquer coisa com o Substituto que o humano não morre, é só adquirir outro. Outro detalhe importante é que praticamente ninguém sai de casa com o seu corpo real, só com o avatar. Contudo, espantosamente, começam a acontecer homicídios onde além dos Substitutos, os portadores também são mortos. Isso é totalmente inédito. São destacados para investigar uma dupla do FBI - Tom e a agente Peters (que tem um cabelinho terrível de feio!).

os Substitutos dos agentes Peters e Tom
Nesse mundo existe uma sociedade chamada Rastafari, onde seu líder prega a existência somente de humanos; ele diz que viver como robôs é uma grande mentira, que a vida não é isso. Vamos perceber aos poucos que esse líder é um tanto ditador...

o "Profeta"
Bom, mostrado brevemente o contexto do filme basta dizer que Tom vai descobrindo fatos surpreendentes que estão por de trás dessas mortes e acaba se envolvendo demais, até à ponto de tomar decisões que terão imenso impacto mundial (isso no final do filme) e que vai mudar a conjuntura social do mundo (uau, coisa norte-americana! rs).

a fabricação dos Substitutos
É flagrante perceber ao longo do filme de como as pessoas já não vivem mais, de como elas encerram sua existência num aparelho que as conectam numa outra realidade. De como usam os Substitutos para criarem uma fantasia em torno de si mesmas e em torno do mundo, do modo como os Substitutos podem ser excelentes maneiras de fugir da realidade (muito dura e difícil às vezes) e como isso gera grande sofrimento para os humanos que operam esses robôs. Me fez pensar de como hoje a tecnologia nos afasta das pessoas, dos encontros, do sofrimento. Quais serão os nossos Substitutos de hoje?

Nota: 9,7.

domingo, 14 de outubro de 2012

Medianeras - Buenos Aires na Era do Amor Virtual

É uma comédia romântica muito da inteligente. O formato do filme é muito legal e criativo. A escolha do título é muito original e o modo como se associa com a história do filme é bem interessante.

O filme aborda o fato de que em Buenos Aires (e nas grandes metrópoles) os prédios estão tomando conta da paisagens e de certa forma isolam seus moradores em si e entre si e os colocam em "caixas de sapato", apartamentos muito pequenos, e sem janelas. Aliás, o ritmo de vida contemporâneo afasta as pessoas de um contato próximo e real (fazendo oposição ao distante e virtual).

Mariana e partes dos seus manequins
Os personagens são Martin e Mariana e são praticamente vizinhos, mas não se conhecem. Martin é um rapaz hipocondríaco, depressivo, trabalha e vive na Internet e dorme pouco; Mariana é uma arquiteta que trabalha como vitrinista, está se adaptando a morar sozinha (se separou há pouco tempo). Ambos são igualmente solitários e melancólicos. Ambos viveram e vivem desventuras no amor: Martin sempre se decepciona com mulheres conhecidas pelo mundo virtual e Mariana não se atrai por nada nem por ninguém; parece que as demais pessoas também não se interessam muito por eles...somem, desaparecem.

Acaso do destino ou não eles vão se esbarrando pelas ruas e até pela Internet, mas nada acontece, nem se vêem... Acredito que vão se encontrar pelas suas tristes e infelizes semelhanças...
Martin e seu apê escuro
Não sei se existe exatamente esse termo na arquitetura, mas segundo o filme, Medianeras é aquele lado de qualquer edifício, casa ou construção que não é privilegiado: é um lado "feio", tem rachaduras, não tem janelas ou qualquer tipo de cuidado na aparência. Acho que esse título fala muito do que se trata o filme, fala do lado "sombrio" das relações nas grandes cidades. Tanto é que, na minha opinião, quando os personagens decidem abrir uma janela "clandestina" em seus apês escuros, abrem no lado "feio" do prédio e, curiosamente, um pode enxergar a janela do outro (e consequentemente, o outro).

Outra coisa interessante é que Mariana tem um livro desde sua infância do "Onde está Wally?" e nunca achou o dito cujo no cenário da cidade, e quando ela o vê da sua janela clandestina, encontra Martin trajado tal como o personagem dos livros e assim se dá o encontro.
as janelas "clandestinas" situadas em um lado pouco conveniente do edifício!

Acho que a "abertura da janela clandestina" é um sinal de mudança de Martin e de Mariana, uma coisa do tipo: "Quero luz, quero ver!" mudanças essas que faz com que Mariana coloque um piercing e Martin finalmente tire da embalagem um antigo brinquedo, o mesmo que figura sua tela do pc.

Uma sacada bacana do filme é que, mesmo que existam lados "feios", aí onde existam rachaduras e propagandas sem-graça, pode nascer plantas e flores, como aparecem em cenas belíssimas.

Buscando na internet alguma coisa sobre o filme, achei essa declaração bem legal do diretor: Quanto à temática central do filme, o diretor Gustavo Taretto explica que quis retratar um solidão que não é dramática, mas "uma solidão a que já estamos acostumados. De todos os dias. Solidão urbana. A solidão que sentimos quando estamos rodeados de desconhecidos".

"Na clássica definição de Richard Sennett, uma cidade é 'um assentamento humano em que estranhos têm a chance de se encontrar'".

Nota: 9,5.