segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Enquanto você dorme (Mientras Duermes)


Embora não tenha cenas fortes (quer dizer, tem uma sim...), aquelas típicas de filmes de terror, esse é um filme que assusta, e bastante. Gostei muito das atuações e, apesar do tema ser difícil, achei que foi um filme bem feito.


César
A história se passa num condomínio e de como o porteiro / zelador chamado César tem o domínio das informações dos moradores e como ele pode manipulá-las a seu favor. Ele é obcecado por Clara, uma moradora jovem e alegre, que será sua vítima. César sabe seus horários, sabe quem escreve para ela, conhece seu humor e os acontecimentos que a afetam, ah, e tem as chaves de todos os apartamentos...

Clara
César inicia o filme dizendo que não é feliz, nunca foi feliz. Diz que todos os dias se empenha para buscar alguma razão para continuar vivendo e todos os dias olha do telhado do prédio para a rua, como quem quisesse se jogar. Sua confidente é sua mãe que está acamada num hospital e não fala, ou parece não querer falar, e se esforça em olhar para ele e ouve tudo... Para ela, ele diz que se esforçará em "tirar o sorriso" de Clara... Medo.


Ele escreve cartas, envia e-mails e torpedos e dorme com Clara todos os dias sem que ela sequer desconfie.

César tem tudo arquitetado para, ao mesmo tempo em que quer afetar Clara, manter-se perto dela e se passar por alguém amigo e bondoso, acima de qualquer suspeita, e assim acontece. Até que as coisas começam a acontecer... e quando ele parece ser o principal suspeito, escapa incólume de qualquer olhar incriminador.

Acontecem muitas reviravoltas; a vizinha, que é uma adolescente, é uma ameaça para César, mas depois ela é facilmente reprimida; o namorado de Clara suspeita e tem um final trágico e Clara nada percebe. Dá muita angústia.

a vizinha que tudo sabe

O final é muito surpreendente! Posso dizer que ele consegue ser muito cruel, e de fato, consegue tirar qualquer sorriso de Clara, ele destrói a vida dela.

Um momento do filme que me chamou a atenção é quando César se despede da Sra. Verónica e é agressivamente sincero com ela sem ao menos perceber que aquilo a machucaria imensamente, e o faz com sorriso de soslaio. 

Não quero revelar mais nada do filme, apenas indico que assistam caso tenham nervos de aço.
É um filme que mostra o quanto somos vulneráveis para certos tipos de pessoas e o quanto nossas informações facilmente "vazam" e que em mãos maldosas podem causar desastres. Num mundo que impera a "publicização da vida" onde as informações circulam facilmente, onde somos filmados o tempo todo, onde postamos fotos e vídeos pessoais, onde tudo é registrado e arquivado, podemos nos tornar vítimas daqueles que queiram manipular tais informações.
Acho que o filme revela um pouco de um antigo desejo que às vezes sentimos de invadir a vida do outro, desrespeitando até certos limites como a privacidade e a intimidade alheia. Vide outros filmes que abordam esse mesmo tema (a de um observador intruso) como o Janela Indiscreta de Alfred Hitchcock.

Nota: 8,8.

Moonrise Kingdom

Esse filme é uma graça. A narrativa do diretor (que foi o mesmo do "O Fantástico Sr. Raposo" que é uma animação super legal), a edição, os jogos de câmera e os cenários bucólicos são muito interessantes e inusitados, conjugados com uma trilha sonora muito original torna o filme muito divertido de assistir.



Conta a história de um jovem casal (ambos devem ter uns 12 anos) que decide fugir juntos. Ela, Suzy, uma menina que adora ouvir música, olhar pelo binóculo e ler literatura, tem uma família onde os pais não vivem muito bem entre si. O pai parece ser alcoólatra, a mãe tem um amante e ela tem três irmãos pequenos (um deles a chama de traíra num dos momentos do filme). O menino, Sam, é quem toma a iniciativa de fugir com Suzy. Vive com uma família adotiva que no primeiro percalço desiste de sua guarda, é um escoteiro bem aplicado e já tem tudo planejado para a fuga.

Da esquerda para direita: o pai de Suzy, a mulher do Serviço Social, Capitão Sharp, o  escoteiro-chefe Ward e a mãe de Suzy
Os dois se conhecem numa peça de teatro e desde então trocam cartas. Além dessa atração imediata, os dois parecem se identificar um com o outro talvez por se sentirem estranhos e até rejeitados pelos demais. Sam não é nenhum pouco popular entre os escoteiros, tem até um inimigo! E claro, também porque começa a nascer entre eles um amor inocente e puro.


De maneira divertida vemos o quanto eles são perseguidos pela decisão de fugirem juntos em nome do amor (e talvez para fugirem de outras coisas também), e depois o quanto são apoiados pela mesma decisão. 
Sam comove os habitantes da pequena ilha onde habita pela sua história de vida: é órfão e luta por amor. Quantos deles já desistiram? Por outro lado, quantos deles se sentiram inspirados pelo menino? Na sua sinceridade ingênua, Sam, num diálogo com o capitão Sharp fala da solidão e do amor. Dá pra perceber que o menino, sem saber, vai sensibilizando as pessoas pela sua história e pelo que pensa.

Têm cenas hilárias ao longo de todo o filme! Achei o Sam muito engraçado!
uma das cenas mais engraçadas!
Nota: 8,5.