quarta-feira, 27 de junho de 2012

Amigos Improváveis / Intocáveis (Intouchables)

É um filme que mostra como uma relação de amizade pode ser transformadora.

Conta a história de Philippe, um homem de meia-idade tetraplégico e muito rico e de Driss, um rapaz bem petulante que tem um histórico conturbado e de origem pobre; apesar de contra-indicações, Philippe o contrata para ser seu cuidador. E daí vai se construindo uma amizade cada vez mais forte.

Driss com o seu jeito moleque e animado mostra ao soturno Philippe um outro lado da vida muito mais interessante e vivo. Por outro lado, Philippe aposta e também mostra "o seu lado da vida": um lado culto, artístico, cultural, coisa que Driss desconhecia.

O amor, que parecia algo tão distante quanto improvável para Philippe, se torna uma possibilidade real, desde que Driss tem a iniciativa de mostrar à Philippe que sua condição de vida não o impedia de amar e de viver uma nova experiência com alguém.

E assim, os dois vão rompendo barreiras pessoais por meio dessa amizade.

Duvidei um pouco se alguém não ficaria minimamente desconfiado ou aborrecido frente às petulâncias de Driss... rs! Ele contrariava, desobedecia, era muitas vezes inconveniente e negligente nos cuidados e no convívio com Philippe e sua equipe de empregados, por outro lado, penso que foi justamente esse comportamento "desviante" que fez com as coisas e as pessoas mudassem... Era tudo muito certinho, ordenado e sem graça, às vezes o caos surge para gerar a mudança! Do monocromático a vida assume cores!

Fiquei com dúvidas do porquê Driss saiu do emprego de cuidador... Não entendi.

No final percebemos o quanto Driss era importante na vida de Philippe...
Ah, e é um filme baseado em fatos reais.

Nota: 6,8

terça-feira, 26 de junho de 2012

Shame

Uma das capas do filme
Pode ser que tenha spoilers
Shame é um filme que me incomodou e me fez pensar bastante. É um filme com poucos diálogos, protagonista quase não fala e o andamento das coisas é um pouco lento. Tem uma trilha sonora bonita e as cores do filme são pálidas e frias.

Brandon é compulsivo por sexo - paga prostitutas, se masturba no banheiro do trabalho, assiste a conteúdos pornográficos (no trabalho  e em casa), sai com mulheres com a única finalidade de transar com elas. Sua vida é assim, gira em torno do próximo gozo. Brandon é um cara bonitão, esbelto e bem sucedido profissionalmente, facilmente ele se aproxima das mulheres.

Um evento, no entanto, desestabiliza sua rotina, sua irmã Sissy pede pra passar alguns dias em sua casa e sem querer esse lado pervertido de Brandon aparece à Sissy... Brandon parece emergir daquele mar obscuro da qual estava completamente submerso, parece se incomodar e a sofrer muito com essa compulsão, quer se livrar absolutamente dessa vida (talvez daí surja o título do filme...). Sissy por sua vez exige atenção.

Outra capa muito interessante


Ele é um homem solitário e só se relaciona superficialmente com as pessoas. Algo muito interessante acontece, num dado momento, ele não consegue transar com uma mulher do seu trabalho porque, na minha opinião, ele notou que poderia se transformar em algo sério e desiste. Ela foi talvez a única pessoa com quem ele conversou no primeiro encontro sem que fosse necessário rolar beijos e sexo no final. Reparem que no segundo encontro, no motel, ele precisa se drogar (cocaína) para encarar a situação, afinal, aquilo não fazia parte do script. Era pra ser superficial! Só que é notável que ele se afunda cada vez mais na compulsão.


lembra cena de filme de terror, mas remete a uma cena do filme


Brandon se entrega aos delírios do prazer e da orgia, sem medir consequências e não tem critérios nas suas escolhas sexuais, qualquer um parece estar apto a satisfazê-lo sexualmente.

Seu relacionamento com a irmã vai de mal à pior, ele se mostra um cara insensível e frio com ela, mesmo estando ela aparentemente triste e carente de carinho.

O interessante é que Brandon não é vulgar nem faz o típico tarado, ele é muito discreto e educado, exceto numa cena final em que ele extrapola os limites da civilidade.




Shame fala de relações vazias, do vício como um veículo sem freio, onde a pessoa parece não ter forças para sair do ciclo de sofrimento-prazer (mais de sofrimento do que do instante de prazer, que é fugaz e efêmero), da distância e da tristeza.

Destaque para a atuação de Michael Fassbender, o Brandon. Ele está sensacional - suas feições, sua angústia, seu olhar dizem tudo do personagem.
Esse filme me lembrou muito o Réquiem para um sonho.


Destaque também para a cena da Sissy cantando. Alguém conhece a música que ela canta? Eu diria que é o único momento sensível do filme que, enfim, Brandon se deixa tocar...




Ao contrário do que li em alguns comentários, em nenhum momento eu achei o filme moralista, ele sequer passa uma impressão de certo e errado, mostra simplesmente a vida de uma pessoa dominada pelo vício.


Gostei dessa crítica: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-185457/criticas-adorocinema/


Nota: 9

terça-feira, 19 de junho de 2012

Tão Perto e Tão Forte (Extremely Loud And Incredibly Close)

O filme conta a história de um garoto (Oskar) um tanto estranho e petulante que tenta buscar a fechadura de uma chave que ele acha no closet do pai que é falecido. Lembra o filme do Hugo Cabret né? rs!


O pai dele, vivido por Tom Hanks, morre na tragédia de 11 de setembro e ao longo do filme percebemos que ele e Oskar são muito próximos, Oskar sente que o pai é o único que o compreende. Sandra Bullock faz a mãe de Oskar. Ela tem uma atuação incrível.



Oskar é o protagonista do filme. Tudo gira em torno das aventuras que o menino se mete para desvendar o mistério daquela chave. No fundo o que ele procura é o pai, é como se fosse o "mistério final" para que ele encontre o significado da chave que representa de certa forma o seu pai e a sua perda, encarar a mãe que ele acha que não o entende, conseguir lidar com as pessoas e enfrentar seus medos.

Oskar com suas esquisitices tenta solucionar um mistério quase indecifrável. Conforme assistia, ansiava pela descoberta final e o curioso é saber que não importa muito a fechadura, mas a jornada até ela. Oskar conhece e descobre muitas coisas que o fazem mudar seu ponto de vista e mostra que seu pai está tão perto que ele nem imaginava.



O final é muito emocionante!

Tem um momento que Oskar fala para a sua mãe que ele conheceu muitas pessoas e que todas elas tiveram perdas assim como ele, e isso me lembrou de uma parábola chamada Grão de Mostarda. Acho que ele aprende a conviver com a perda do pai, consegue elaborar tudo que aconteceu desde o acidente (tem um detalhe que Oskar revela no final que aconteceu com relação ao acidente e seu pai) e se reconcilia com a vida.



Achei forçado o fato do garoto rodar sozinho NY em busca da fechadura e ir batendo de porta em porta, tudo bem que depois aparece um colega idoso mudo que o acompanha, mas mesmo assim... Detalhe inclusive para a atuação desse tal idoso mudo (o ator é famoso). Ele não diz uma palavra e ainda assim sua atuação é ótima.

Nota: 8.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=dmqQQMl73Lc

domingo, 10 de junho de 2012

Deus da Carnificina (Carnage)

Deus da Carnificina é um filme breve que mostra como as pessoas passam da civilidade a um descontrole total, sem cair no ridículo. Aparece também o íntimo de cada um, como as pessoas são de fato, aquilo que dificilmente aparece aos olhos comuns.
É um filme cômico, rende boas risadas. Ah, e tem um elenco de famosos.

Como podem ver, só atores famosos. As atuações foram bem legais! Destaque para Jodie Foster.
Tudo começa com a conversa entre dois casais - um dos filhos de um dos casais bateu no outro - e foram ver como poderiam resolver essa questão.
A conversa entre os casais vai se dando de maneira civilizada, cordial e educada e aos poucos começa a se transformar num tremendo bate-boca: discute-se o casamento, os modos, os princípios morais, o respeito, o convívio até chegar ao deboche, à indiferença, à irritante presença do outro, à incompreensão. Daí já se percebe o clima que vai se tornando... O filme todo acontece numa sala, com cenas rápidas no banheiro e no corredor do elevador.



O que chamou minha atenção foi o fato de que os casamentos de ambos os casais se evidenciaram como incômodos e indesejáveis à medida que a discussão se acalorava.

O homem que fala ao celular o tempo todo, chega a ser hilário! As pessoas não conseguem emendar uma conversa com ele porque a todo momento o celular toca (e ele atende a todas as chamadas).

Uma mulher que tem uma preocupação social, com o coletivo é ridicularizada pelo próprio marido e é uma das que se revelam no final como a mais explosiva.


O outro homem que se mostra preocupado e amável, vai se revelando maldoso e indiferente. Abre um whisky e vai se divertindo com a esposa aos berros.

A outra mulher elegante e delicada faz um show à parte: incita brigas, fica bêbada e vomita (vomita nos catálogos de obras de arte dos anfitriões... rs!).
Ora as mulheres discutem entre si, ora torcem do mesmo lado... 

Ah, os humanos! São o Céu e o Inferno!

O final, quando os créditos começam a aparecer, vemos como as crianças resolveram a questão... Diga-se que foi de modo simples, muito simples. rs!

Nota: 8.