quarta-feira, 4 de março de 2015

O jardim das palavras & A árvore do amor

A árvore do amor

O jardim das palavras

Vi os dois filmes em dias seguidos e não pude deixar de notar as coincidências surpreendentes!



O jardim das palavras é uma animação japonesa de 2013 que nos presenteia com uma belíssima estética e trilha sonora. É muito bonita.
Fala do encontro inusitado de um casal - um colegial que pretende ser sapateiro e uma mulher misteriosa - num jardim japonês público em dias chuvosos pela manhã.

"Dias de chuva traz um pouco o cheiro do céu".

Essa fala de Takao, o estudante, é de uma delicadeza e sensibilidade que nos é mostrada ao longo da animação. No jardim ele vai para desenhar modelos de sapato, ainda é um iniciante. Ela, Yukino, leva latas de cerveja e chocolate e tem um olhar distante e triste, além de ler e recitar poemas (acho que era um poema).
Esse encontro vai se desenvolvendo a ponto de ambos torcerem pela chuva (para se reencontrarem) e se apaixonam.
A animação tem tomadas de cenas belíssimas, sempre mostrando os sapatos que Yukino usa, além de seus pés.
É uma paixão inocente e libertadora. Libertadora em vários sentidos. Ela se apresenta triste e "desleixada", a casa é uma bagunça, é desajeitada em preparar sua própria comida; com o passar dos encontros o filme nos mostra que há uma mudança: agora ela quebra os ovos sem derramar! rs! Mostra um cuidado de si que antes não havia.
Takao é um menino que estuda, trabalha muito e ainda se dedica ao ofício de sapateiro. Na cena final, ambos entram numa catarse libertadora, mas ainda assim, inocente.

Obs: após os créditos, tem cenas extras!


A árvore do amor é um filme chinês de 2010. Nos mostra o período da Revolução Cultural Chinesa (déc. 60, 70) onde uma estudante, Jing, é enviada para uma reeducação com os camponeses e lá conhece Sun, mais velho que ela e nasce um amor pueril, extremamente inocente. A família dela é perseguida politicamente e ela e a mãe, para sobreviverem, precisam seguir estritamente as normas e não cometerem erros.
Jing parece ser muito jovem, conhece pouco ou quase nada da vida, é muito tímida; Sun, um rapaz sorridente, trabalha no departamento de geologia do exército, a acompanha à distância, a trata com muito carinho e cuidado.
É engraçado ver um amor tão inocente assim. Quase não existe o toque, Jing não o encara, as "aventuras" proibidas são tão puras... Há uma total contenção dos sentimentos.

A atuação da atriz que faz a menina é incrível! Os dois protagonistas são lindos.





As coincidências.

Ambos os filmes mostram o amor entre uma pessoa muito jovem com uma pessoa mais velha.
Os dois filmes têm um cenário incrível, bucólico.
A referência aos pés femininos aparecem nos dois: quando Takao vai tirar as medidas dos pés de Yukino e quando Sun lava e cuida das feridas nos pés de Jing.
E o que mais me chamou a atenção: a inocência do amor. No A árvore do amor, mesmo no final angustiante, Jing não toca em Sun. Ela chora, mas não o abraça, não o beija. O mesmo acontece no O jardim das palavras, há uma inocência infantil e ao mesmo tempo madura. Em ambos os filmes não há sedução, erotização, "cenas quentes", nada disso, tem outra coisa. Acho que o nosso tempo nos fez esquecer que o amor pode nascer da pureza, do olhar, do cuidado verdadeiro com o outro.

quem assistiu o filme, sabe que essa imagem é tocante no final!


Tiveram coisas que não gostei nos dois filmes, mas me ganharam pela beleza.


Nota para O jardim das palavras: 8.
Nota para A árvore do amor: 7.