terça-feira, 26 de junho de 2012

Shame

Uma das capas do filme
Pode ser que tenha spoilers
Shame é um filme que me incomodou e me fez pensar bastante. É um filme com poucos diálogos, protagonista quase não fala e o andamento das coisas é um pouco lento. Tem uma trilha sonora bonita e as cores do filme são pálidas e frias.

Brandon é compulsivo por sexo - paga prostitutas, se masturba no banheiro do trabalho, assiste a conteúdos pornográficos (no trabalho  e em casa), sai com mulheres com a única finalidade de transar com elas. Sua vida é assim, gira em torno do próximo gozo. Brandon é um cara bonitão, esbelto e bem sucedido profissionalmente, facilmente ele se aproxima das mulheres.

Um evento, no entanto, desestabiliza sua rotina, sua irmã Sissy pede pra passar alguns dias em sua casa e sem querer esse lado pervertido de Brandon aparece à Sissy... Brandon parece emergir daquele mar obscuro da qual estava completamente submerso, parece se incomodar e a sofrer muito com essa compulsão, quer se livrar absolutamente dessa vida (talvez daí surja o título do filme...). Sissy por sua vez exige atenção.

Outra capa muito interessante


Ele é um homem solitário e só se relaciona superficialmente com as pessoas. Algo muito interessante acontece, num dado momento, ele não consegue transar com uma mulher do seu trabalho porque, na minha opinião, ele notou que poderia se transformar em algo sério e desiste. Ela foi talvez a única pessoa com quem ele conversou no primeiro encontro sem que fosse necessário rolar beijos e sexo no final. Reparem que no segundo encontro, no motel, ele precisa se drogar (cocaína) para encarar a situação, afinal, aquilo não fazia parte do script. Era pra ser superficial! Só que é notável que ele se afunda cada vez mais na compulsão.


lembra cena de filme de terror, mas remete a uma cena do filme


Brandon se entrega aos delírios do prazer e da orgia, sem medir consequências e não tem critérios nas suas escolhas sexuais, qualquer um parece estar apto a satisfazê-lo sexualmente.

Seu relacionamento com a irmã vai de mal à pior, ele se mostra um cara insensível e frio com ela, mesmo estando ela aparentemente triste e carente de carinho.

O interessante é que Brandon não é vulgar nem faz o típico tarado, ele é muito discreto e educado, exceto numa cena final em que ele extrapola os limites da civilidade.




Shame fala de relações vazias, do vício como um veículo sem freio, onde a pessoa parece não ter forças para sair do ciclo de sofrimento-prazer (mais de sofrimento do que do instante de prazer, que é fugaz e efêmero), da distância e da tristeza.

Destaque para a atuação de Michael Fassbender, o Brandon. Ele está sensacional - suas feições, sua angústia, seu olhar dizem tudo do personagem.
Esse filme me lembrou muito o Réquiem para um sonho.


Destaque também para a cena da Sissy cantando. Alguém conhece a música que ela canta? Eu diria que é o único momento sensível do filme que, enfim, Brandon se deixa tocar...




Ao contrário do que li em alguns comentários, em nenhum momento eu achei o filme moralista, ele sequer passa uma impressão de certo e errado, mostra simplesmente a vida de uma pessoa dominada pelo vício.


Gostei dessa crítica: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-185457/criticas-adorocinema/


Nota: 9

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