O palhaço é um filme formidável! Humor e drama nas medidas certas, elenco brilhante, atuações excelentes, fotografia, enredo, trilha sonora... Tudo é maravilhoso!
O filme conta a história de um circo e especialmente de "Benja" (Selton Melo), apelido de Benjamim, que interpreta o palhaço Pangaré ao lado de seu pai, o palhaço Puro Sangue, ambos comandam o Circo Esperança. Benja é uma pessoa engraçada, até quando está triste. No fundo ele se pergunta: "Faço todo mundo rir, mas quem vai me fazer rir?". O drama começa quando ele não consegue mais dar conta do circo, são muitas as exigências (principalmente financeira) que ele não consegue cumprir: é o sutiã, a butina, o ventilador, estar feliz sendo um palhaço. E à medida que ele vai se dando conta disso, começa a não sentir mais prazer na atuação.
O elenco é composto por célebres humoristas, mas também por atores que eu não conhecia que são ótimos. Destaque especial para a menininha que atua como a Guilhermina, mas mesmo assim é difícil, toda a trupe é muito engraçada... as atuações realmente são brilhantes. O filme é permeado por cenas impagáveis, principalmente a cena quando os homens do circo vão parar na delegacia. O discurso do delegado é sublime, extrapola no humor!
O ventilador assume no filme um valor exponencialmente importante, Benja sonha e alucina com ventiladores, ele quer ter um pra si, mas como, se não tem dinheiro? Inclusive as cenas do ventilador e as cenas dele como vendedor me lembraram um pouco o Cheiro de Ralo (que é um filme excelente)...
A vida itinerante do circo tem alguns reveses, Benja não tem uma carteira de identidade, o que dificulta muito em comprar o ventilador por exemplo...
Outra coisa que me chamou a atenção é a arte do circo. Toda a preparação, a montagem, os músicos, as performances, e o principal no meu ponto de vista, levar um pouco de arte e alegria para os recantos do Brasil onde simplesmente as cidadezinhas não tem o quê oferecer. Inclusive, os prefeitos que iam assistir ao grande evento do circo foram ótimos.
Benja então se arrisca e o que pareceu ser o propósito principal não dá certo, mas serviu pra decidir o seu futuro. E se ele não arriscasse? Ele resolve sua questão existencial se lançando pro que ele acreditava ser uma saída, não foi de um jeito, mas de outro.
Por fim, quando Pangaré toma sua decisão final é muito emocionante: é quando finalmente o fazem rir (nada menos que o ator que fez o Zé Bunitinho) e então ele decide que é um palhaço de verdade. Acho que é porque ele vê a magia que o riso provoca e decide que isso ele é capaz de fazer.
Outra cena muito emocionante é a Gulhermina atuando no circo com tanta pureza e maestria. Belo!
Essa que é a menininha que fez a Guilhermina! |
A trilha sonora é exemplar!
Ah, e o diretor foi o próprio Selton Melo. Tá explicado.
Nota: 11.
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Mto bom o filme !!!
ResponderExcluirÉ interessante citar que apesar do palhaço ser conhecido por ser causador de risos e gargalhadas, ele é muito explorado em vários filmes sob um ponto de vista mórbido e sombrio, assim como várias outras coisas de criança, como bonecos infantis que nem o Brinquedo Assassino por exemplo.
Nesse filme a figura do palhaço é abordada sob um outro aspecto que eu ainda nao tinha visto. Introspectivo e pensador.
Como o palhaço se sente por dentro ? Qual o motivo que o leva a fazer o que faz ?
O filme não é muito comercial mas quem tem pelo menos um mínimo de sensibilidade não pode deixar de gostar!