domingo, 14 de julho de 2013

Drive


Não dá pra ver, mas o motorista está com o palito de dentes na boca, constante no filme

Drive é um filme intrigante. Pelo menos foi assim comigo. A história é simples: um jovem rapaz (que não tem nome, quer dizer, em nenhum momento o nome dele é dito) trabalha como mecânico, dublê (sempre dirigindo carros) e como motorista de fuga em assaltos nas horas vagas. Até que ele se envolve numa trama sem saída... 

Hilária a cena em que ele oferece ao filho da vizinha um palito. Teria o personagem concedido ao menino uma condição de proximidade?

O filme tem uma estética interessante: poucos diálogos (o protagonista quase não fala), pausas longas, uma trilha sonora de músicas antigas bem bacanas, o áudio nos momentos de violência se acentua. O filme tem um tom de antigo, embora eu ache que ele se passe no presente, as roupas, os carros, os penteados imitam uma época passada. Embora o protagonista seja um exímio motorista, o filme não é de perseguição, cenas de explosões ou algo do gênero.

O intrigante é o protagonista: é um personagem calado, solitário e frio. Ele consegue estar numa perseguição de carros sem mudar a feição do seu rosto, que, aliás, é inexpressivo em todos os momentos. Acho que a única cena em que ele expressa alguma coisa na sua fisionomia é quando ele encontra o chefe da oficina onde ele trabalha morto, mas nada demais. E tudo muda quando ele começa a gostar de sua vizinha, uma jovem que tem um filho, e o seu marido está preso (mas depois ele é libertado), mas a única coisa que rola desse romance (porque parece que ela se sente atraída também) é um beijo no elevador, para, em seguida, ter uma cena de muita violência.
O motorista é capaz de espancar um cara até a morte ou martelar os dedos de um homem sem se abalar. 
A trama se desenvolve quando ele, para ajudar o marido da vizinha que é solto, se envolve numa rede de dinheiro e morte. Ele, para se ver livre e livrar a vizinha e o filho dela, "precisa" matar... porque nem o dinheiro ele quer.

a vizinha

Acompanhei críticas e comentários na Internet sobre esse filme e observei que muitas das discussões era sobre o dualismo: herói x anti-herói. Seria o motorista um herói, porque motivado pelo amor, colocou sua vida em risco para a salvar a "princesa" da história? Ou seria ele um clássico anti-herói, um cara "todo errado" mas que age pelo "bem"? Acho que ele era um cara, esquisito é verdade (um psicopata?), que se viu numa situação nova. Parece que uma brecha permitiu com ele tentasse se aproximar de alguém e isso cobraria um preço muito alto: continuar vivo ou morrer.


O filme faz referência ao escorpião, tanto no seu casaco que o acompanha do início ao fim do filme (presente nas cenas de violência) como naquela parábola do sapo e do escorpião que alguém faz referência no filme. A idéia é que a sua natureza - isolada, fria e violenta - estará sempre presente, e tentar sair dela, pode lhe render a morte. É como se fosse a sua maneira de lidar com o mundo. 
Na sequência de cenas onde ele persegue e joga o carro do seu inimigo pela ribanceira, ele usa uma máscara (aparentemente sem necessidade porque a vítima sequer o vê direito e ele nunca usa disfarce), me pergunto o porquê. Será que para se mostrar quem não é ou para afirmar quem ele é? Um homem sem face, inominável e oculto, aquele que esconde a sua verdadeira identidade. Ao final dessa sequência, ele praticamente se joga no mar para afogar o seu inimigo. Não tem limites, ele simplesmente se entrega aos seus impulsos.



SPOILER! 

Ao final, sinceramente acho que ele não sobreviveu...na prática, porque acho que ele seria perseguido pelos bandidos até ser morto. Ele matou os chefões, não iam deixar barato. De qualquer forma, a sensação que fica é que ele abandona tudo para trás, talvez porque ele tenha percebido que nada daquilo era significativo, não valeu a pena.


Nota: 7.

Link de uma das músicas de Drive: http://www.youtube.com/watch?v=3_4t3jUsiJk

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