quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Alpes (Alps)

Capa 1

Capa 2. Achei muito interessante essa capa!
Como seria se pudéssemos substituir os nossos entes queridos falecidos, por outra pessoa? Essa é a ideia interessantíssima do filme. Um grupo de pessoas realiza um trabalho um tanto inusitado: se oferecem para substituir temporariamente um membro falecido da família enlutada até tudo "ficar bem". O nome desse grupo é Alpes, por dois motivos, um, para despistar qualquer suspeita sobre o trabalho deles, e dois, porque, segundo o líder do grupo, nenhuma montanha se iguala aos Alpes, todas as outras podem tentar substituí-lo, mas nunca alcançam a sua magnitude, por outro lado podem substituir qualquer outra montanha.

substituindo a esposa do dono da loja de luminárias

O filme se concentra numa integrante, a enfermeira, que incorpora várias pessoas falecidas. A filha de um senhorzinho que pinga colírio nos olhos na hora certa; uma adolescente que praticava tênis; a esposa (amante?) de um vendedor de luminárias; a amiga de uma senhora cega. Ela reproduz e encena os diálogos e as situações mais marcantes que os enlutados pedem que lembram os entes mortos, os trejeitos, as roupas e sapatos. É patético assistir as encenações de um passado que já se foi e encarnado numa outra pessoa. A atriz que interpreta essa enfermeira tem um aspecto cansado e triste, encena os diálogos dos mortos de maneira dura e insossa. Acho que esses traços vão explicar um pouco do que acontece no final... Será que ela estava exaurida de tanto representar aquilo que se perdeu que ela mesma não tem vida própria? Sua vida e sua identidade se tornaram a perda alheia?

o líder do grupo, Mont Blanc, e a enfermeira

uma integrante do grupo, a ginasta atrapalhada

Apesar da proposta original, não gostei do modo como o filme explorou o tema... Mas serve para suscitar alguns questionamentos importantes.
Será que se existisse um tipo de serviço desses não ficaríamos tentados a contratá-lo? Pode parecer um absurdo, mas hoje nos utilizamos de "serviços" semelhantes, como as drogas que entorpecem nosso sofrimento da perda, como o fato de nos dedicarmos ainda mais ao trabalho como uma forma de "esquecer" o luto, nos cobrarmos de sermos felizes e calarmos a tristeza, e por aí vai... Será que se pudéssemos, não apertaríamos a tecla "delete" para esquecermos das nossas perdas?

Nota: 5

4 comentários:

  1. Ótimo texto. Tive as mesmas impressões!!! O filme vai passar na Mostra esse ano, estará por lá?
    Bom Trabalho!!!

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  2. Obrigada Marcelo! Apareça no blog!
    Que Mostra vc se refere?

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  3. 36º Mostra Internacional de Cinema São Paulo
    É de sampa?

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