segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A Estrada (The Road)

Vi pela segunda vez esse filme, e não foi por acaso, eu simplesmente adorei!

É um filme muito angustiante e assustador. A fotografia é excelente, as paisagens são aterradoras e muito bem feitas. Ótimas atuações, muito boas mesmo! A performance do ator que faz o pai é brilhante - encarnou muito bem o papel, está muito emagrecido (será que mais que o Christian Bale em "O Maquinista"???), completamente envelhecido e nota-se o desespero e a amargura em seu rosto. E olha que ele já fez filme de galã... A atuação do menino também é muito boa.


Eu diria que a sinopse é a seguinte: num mundo pós-apocalíptico, um pai e seu filho (uma criança de uns 10 anos) tentam sobreviver num mundo onde não existem mais qualquer outro tipo de vida exceto alguns seres humanos. Ah, eles não têm nomes, quer dizer, não aparece nenhum nome. Simplesmente porque nesse tipo de mundo não faz o menor sentido ter nome...


São muitas coisas que o filme me fez pensar.
Primeiro uma dicotomia muito interessante que o filho mostra ao longo do filme. Como não tem o quê comer, alguns grupos apelam pro canibalismo, que se torna o grande terror dos dois. Então o filho questiona o pai o tempo todo se eles são os "homens bons" (good guys) e, mesmo famintos não acabariam sendo os "homens maus" (bad guys). O pai sempre afirma que não, sempre serão os "bons".  Só que isso é um conflito para o garoto, porque no filme acontecem cenas muito duras onde o pai é frio e sem humanidade. São "bons" mesmo?


É interessante ver o menino ainda com o espírito humanista, o "fogo" interno, num mundo onde os homens se descaracterizaram enquanto homens, são outra coisa.


Uma cena muito terrível é quando o pai obriga e ameaça um homem que os haviam roubado, mas devolveu o roubo pra eles, a ficar nu. Sabemos que ele vai morrer porque faz muito frio, mas ele não se abala. É triste ver o homem se arrepender, o garoto implorar e o pai não ceder...


Outro ponto muito tocante é o pai ter uma lembrança permanente da esposa, são cenas lindas e emocionantes... Ele tenta "romper" com ela, tira a aliança, mas ela é presente... A cena em que ele literalmente desaba de tristeza diante do piano é muito forte, e parece que ao tocar, ele reata com ela...
Ela não aceita viver nesse tipo de mundo e se mata (isso aparece logo no início, não é um spoiler). Ela diz que o coração dela morreu quando o filho deles nasceu... Brabo!


Mas o dilema que é mais chocante e que é uma constante ao longo do filme é: matar o filho ou deixá-lo à mercê do mundo cruel?


Isso é o tempo todo, permeia a cabeça do pai, que, a qualquer ameaça, ensina ao filho a se matar para poupá-lo de um sofrimento muito maior. É angustiante.
A morte espreita, anda lado-a-lado, mas nas palavras de um velho do filme a morte é um "luxo".


O final é surpreendente, eu sinceramente não esperava que fosse, mas é.


A pergunta que ficou em mim foi: Eu viveria num mundo desse?


A nota: 11!

http://www.youtube.com/watch?v=q9C2ptS5zQs - trailer, eu não gostei do trailer, mas dá uma idéia do filme...
http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u717953.shtml - notícia na Folha Online

3 comentários:

  1. Vale lembrar que o "ator que fez o pai" é Viggo Mortensen. Num é todo dia que o Aragorn aparece nas telonas...

    Falando nisso, esse é um aspecto interessante desse filme. Ver um ator que está associado a imagem de um herói, fazendo um papel de uma pessoa comum, que tem que lidar com o sofrimento.

    A esposa foi realmente uma figura muito misteriosa pra mim. Até mesmo nas mais felizes lembranças que o marido tem dela, ela nunca parecia estar plenamente feliz ou sorridente.

    É legal também pensar na atitude "cruel" dela como um ato de compaixão, por mais estranho que pareça.

    Pra mim o filme mostra que perder totalmente a confiança no próximo leva ao caos. E que ter o mínimo de esperança na humanidade pode ser a salvação da raça humana.

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  2. Nossa! Animei para ver esse filme! Parece ótimo! Assim que o vir, posto um comentário aqui!

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  3. Esse filme está na minha lista de top 10!!! Fantástico, chocante! Senti muito medo durante todo o filme, muita apreensão, pois era risco constante de virar comida!!! E o pai tendo que proteger o filho a ponto de até pensar matá-lo pra protegê-lo de morrer de forma pior. E tbm a preocupação constante de deixar o menino sozinho, o que acabou acontecendo. Mas o final realmente foi surpreendente. E o menino, o que falar dele? Simplesmente ótimo interpretando o papel, chorava com um sofrimento impressionante! Foi muito angustiante ver esse filme, qro ver de novo!

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